25 outubro 2007

[is this it]


O que eu queria te dizer era que, realmente, se eu for pensar bem, não sobrou muita coisa. Acho que umas músicas que a gente aprendeu junto, aquele dedilhado que eu teimo em repetir, um frasco de perfume que eu guardei...


Mas por que o sentimento deveria ser o mesmo depois de tanto tempo? Seguimos em frente, eu, na mesma idéia de conseguir abarcar o mundo sem me apegar a ele e você com seus sonhos de abarcar o mundo justamente para amá-lo. Não me agrada gostar de ninguém, você sabe.


Eu aprendi a achar esse lance de amor um entrave na vida das pessoas. Ter um filho, pra que? Não poder nunca mais dormir tranqüilo sem saber que ele respira ou mesmo entregar um carro só para satisfazer a adolescência dele mas morrendo de medo de uma morte em um sinal?


E onde fica meu sono nisso tudo? Onde eu encaixo o meu egoísmo, esse sim parte importante do que me faz ser mais forte do que a frustração de amar? Porque doer, já doeu um bocado. Principalmente porque o centro de controle do que sente é diferente daquele que diz.


Sim, eu quero falar que sou egoísta, que, realmente, meu amor é algo descartável, pra que eu possa manter-me longe da dependência que ele cria. Mas eu e você sabemos que ainda terei um filho e vou chorar em cada chute que ele der na sua barriga, porque esse filho nós decidimos ter juntos.


Mas eu digo sim que preferiria o egoísmo de um sono tranqüilo às experiências paternais. Porque eu tenho mesmo medo de amar e isso não é paradoxal. Eu fui criado para amar demais, eu fui criado sendo amado demais. Eu criei vínculos amorosos que sempre ultrapassaram os discursos alheios.


Eu tive mãe de filme infantil, que leva doce na cama e acorda o filho com um beijo na testa. Eu tive um pai que não tava cansado quando chegava do trabalho e punha meu presente de Natal embaixo da cama. Eu tenho pais que se amam e se beijam e se completam, mesmo depois de tanto tempo juntos. Me criaram para acreditar que amor é isso.


Daí, sofrer por conta de algo que sempre me foi passado como perfeito é pedir muita racionalidade. Meu abandono é minha forma de dizer que a sua realidade me incomoda e, se eu não puder ter aquela que fui colocado para acreditar que exista, serei único na minha procura sim.


Por isso, eu vou tentar esquecer que você disse que eu trato as pessoas como cartas. Porque, como eu, você está sendo egoísta, pensando que só a sua forma de amar é a certa. Ficamos quites. Porque eu também acho que a minha é que a vai me fazer feliz. E, nesse momento, minha felicidade é dormir.

9 comentários:

J. disse...

can't you see i'm trying...

luana disse...

é por essas e outras que eu preencho meu vazio sentimental comprando sapatos... caros, de preferencia

Mia disse...

Ruins essas constatações. Pior ainda é quando as constatamos nos piores momentos. Mas, hm, tudo muda, e se a gente não consegue manter o mínimo de egoísmo em qualquer relação, sorry, ela não funciona...

O nome do blog é inspirado no filme "Bonequinha de Luxo" disse...

eita Rafa... essa daí foi pesada, viu!!! às vezes a gente tem que aprender a abrir mão de algumas coisas pra ser feliz com outras... é o equilíbrio que importa quando a racionalidade vai embora correndo pela janela... e o amor? ah, o amor a gente inventa pra se distrair, né??

=***

Lucy, disse...

doido, sei de mais é nada, ainda bem!

Sanmya disse...

adoro coisas descartáveis

deve ser por essas q eu te amo

ho-ho-ho

oseguinte disse...

[doido, sei de mais é nada, ainda bem!].2

poisém.
:)

Marcello disse...

eu também fui criado igual as criançinhas dos filmes da disney =]
e eu quero o mesmo para minhas crias, por isso q ainda guardo as fitas haijaijia..

doidooo tim festival!!..
fdp ¬¬

maria clara disse...

af, rafa.

=(