
olhei por um tempo aquelas palavras. claro que, primeiro, aquela pessoa queria causar um impacto digno de sair na revista, já que esse tipo de discurso chamando à destruição é cáustico demais para ser definitivo. mas, depois da revolta inicial, já que eu sou partidário dessa tal "destruição" que ele disse existir, me peguei pensando qual o grau de verdade aquela carta continha.
eu não sei quanto tempo quero viver, já que eu não sei o que o futuro me reserva. sou imediatista por opção e não acho que ter um estilo zen-budista vai me fazer feliz. sei que posso ouvir aquele blá blá blá de que eu sou novo, que quando eu estiver mais experiente meu pensamento muda, mas, retorno ao início do parágrafo, imediatismo rules.
aí eu fico me perguntando: se eu não sei (e ninguém sabe) o que vai ser de mim daqui uns tempos, por que diabos ficar esperando acontecer? digo... por que não beber por medo de uma cirrose, se eu nem sei se vou ficar gripado na semana que vem?
por que ficar com medo de fazer uma tatuagem se você nem sabe se vai, realmente, ser o juiz que imagina? por que não experimentar de tudo um pouco, para poder realmente dizer que viveu quando esse tal futuro chegar?
me falaram que o freud justificava o medo que tínhamos das coisas como um forma de aplacar o desejo. não sei bem como é o lance, mas me parece que quanto maior seu medo em relação à algo, sinal que seu desejo também era grande, tendo o medo de suplantá-lo, mas não sei bem o porquê.
mas isso parece servir para responder muita hipocrisia. da mocinha que diz não se masturbar porque não precisa desses artifícios ou do implacável defensor da moral e dos bons costumes que vai à zona escondido, temeroso de descobrirem seus desejos ocultos.
o certo é que não acho que esteja destruindo meu corpo. apesar de saber que vícios tem essa capacidade, sei ponderar o quanto uma cerveja gelada pode ser revigorante. mas agora o lance bonito é radicalizar, levantar bandeiras, seja contra ou a favor.
tentando não ser um nem outro, só digo que a base para a crítica tem de ser a experimentação. se ela se torna destrutiva para seu corpo, aí você manda cartas para a veja, contando a sua história. se não, diga que foi legal, mas não precisa sair por aí mandando todo mundo fazer o mesmo.
deixa cada um na sua. mesmo que isso seja das atitudes mais difíceis que conheço.