30 outubro 2007

[tim festival]

Até o momento que eu vi o palco enorme, eu não acreditava que era sim a minha pessoa que estava lá, dentro do Anhembi, em São Paulo, para ver o Tim Festival. Não importava o quanto de pessoas vestidas estranhas eu visse, quantas camisas de bandas de todos os cantos em olhasse ou mesmo o ingresso que eu teimava em manter próximo a minha mão: só quando me vi com os pés no cimento é que caiu a ficha e eu saquei que iria ver shows que não eram para esquecer nunquinha.
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Fui para o Tim Festival na cara e na coragem, com pouca grana e nada de credenciais, porque esse ano parece que o pessoal da organização pensou que nenhum piauiense iria querer saber deles. Ledo engano. Acompanhado de mais três conterrâneos e sabendo de outros vários espalhados, chegamos cedo ao local do show.

Por outro golpe da sorte, o dia 28 de outubro foi quente, espantando a chuva que era dada como certa. Os tipos, cada vez mais estranhos e interessantes, se aglomeravam perto do palco e eu ficava cada vez mais nervoso. Eu não acreditava. Dali a pouco, artistas que eu só via em clipes de You Tube ou de downloads de internet iam estar ali, há 20 metros de mim.


Mas daí já não tinha tempo. “This is Spank Rock, motherfuckers!” e lá estavam os americanos de Baltimore iniciando o festival. Misturando hip hop com eletro, a banda mostrou uma interação incrível com a platéia, fazendo um batidão, com percussionistas, DJ’s, simulações orgásticas e muita dança para o público.

Apesar de o show ter sido minúsculo, por volta de 45 minutos apenas, deu para esquentar e, ainda, foi nele em que tivemos os únicos moshs da noite: sendo quase jogados pelo resto da banda, três integrantes se entregaram aos braços da galera, arrancando gritos histéricos de todos.

A noite chegou e junto dela veio o Hot Chip. Os ingleses fizeram o show mais fraquinho da noite, mesmo com vários fãs cantando junto. Não se sabe se pelo aspecto inglês de ser, mas o certo é que eles praticamente não interagiram com a platéia, fazendo um show mais voltado para eles mesmos.

Ainda sofreram com uma parada de 18 minutos, por conta de problemas no som, que fizeram o ânimo ainda ficar mais instável. Mesmo assim, na hora de Over and Over, o maior hit do grupo, os pulos foram constantes, apesar de pontuais.

Ao fim, mais de 1h de espera. O clima mudava, as nuvens ficavam mais escuras, mesmo que a chuva não aparecesse. No palco, bandeiras eram hasteadas, telões eram colocados, além de uma pequena arquibancada. A espera parecia infinita, mas toda ela foi compensada.


Enfileiradas, diversas mulheres envoltas em roupas bufantes e instrumentos de orquestra, cada uma com uma bandeirinha nas costas, se aglomeravam na arquibancada que havia no palco. E elas abriam caminho para um ser pequeno, em um turbante enorme, que entrava ao som de Earth Intruders: Björk, a deusa do gelo, estava no palco.

Nada havia me preparado para aquilo. Tudo no show foi pensando tendo alguma razão de existir. Fosse a orquestra, a subversão na falta de guitarras e baixos, ou os dois capitães dos computadores, que sampleavam as músicas ao toque de dedos, em um equalizador high-tech, a sensação era de transe.

E, claro, existia Björk. Dançando freneticamente, pulando no palco, dizendo “obrigados”, a islandesa causava sensações impressionantes em seus fãs, que choravam, gritavam e mantinham os olhos fechados em forma de prece. Era quase uma celebração pagã, em que uma deusa vinda de um local distante mostrava aos seus adoradores que ela era sim misericordiosa e poderia fazer seus desejos serem atendidos: sem dúvida o show mais bonito que eu já havia visto.

Depois de mais uma hora para retirada dos apetrechos do show da Björk (atrasos foram constantes em toda a noite), um palco quase limpo de detalhes foi tomado por Juliette & The Licks. Depois de abrir com Smash Ang Grab, uma piradíssima Juliette Lewis perguntava aos fãs: “Do you really really Love the Licks?”. “Yeah”, responderam em uníssono, dando a deixa para que ela fizesse o que bem queria.


Isso inclui pulos frenéticos, simulações excitantes com o microfone, peitinho de fora para o baterista e uma super intimidade com a platéia. Músicas como Get Up e Hot Kiss ainda eram acompanhadas por todos, mostrando que atriz-cantora sabe mesmo agradar diversos públicos. Entretanto, a banda sofreu com um som abafado, que tirou muito da graça de ouvir a voz desesperada de Juliette, mas que foi compensando por ela própria.

Uma correria para próximo do palco tomou conta do público ao fim de Juliette. Eram os Arctic Monkeys que se preparavam para entrar e parece que todas as quase 30 mil pessoas que estavam no Anhembi queriam vê-los. Com uma decoração simples, como em uma garagem iluminada por holofotes, Alex Turner e companhia fizeram o show mais elétrico da noite.


Com todas as músicas acompanhadas pelos fãs, eles dosaram bem as escolhas do primeiro cd, Whatever People Say I Am, That's What I'm Not com as do segundo, Favourite Worst Nightmare. É incrível poder assistir um show de uma banda como Arctic Monkeys. Apesar da pouca idade, eles parecem estar em uma espécie de auge criativo, sendo extremamente intensos, como provaram na seqüência Fake Tales of San Francisco e I Bet You Look Good On The Dancefloor.

Mesmo pequeno e o pouco falatório com a platéia, os Macaquinhos do Ártico fizeram um show no ponto, que valeu a expectativa criada por ser hype internético.

Pés que doíam intensamente, uma fome desgraçada e tudo acabado nos bares do evento (só sobrou cerveja à cinco reais): antes do show do The Killers a sensação que tive é de que iria me desfazer em dor. Mas quando a decoração estilo old Las Vegas bíblico se iluminou e o vocalista Brandon Flowes chegou ao microfone, pedi aos deuses da música mais um pouco de força.


E valeu a pena. Mesmo com um atraso de três horas, a banda americana conseguiu fazer todo mundo perder mais um pouco da cabeça. Os hits estavam todos lá, como a enlouquecedora de platéias Somebody Told Me e Mr. Brightside, além de outras menos conhecidas, mas ainda assim ótimas da banda, como Jenny was a friend of mine, todas do primeiro cd, Hot Fuss, e o pop de Bones, do segundo trabalho, Sam’s Town.

Os Killers se despediram perto já das cinco da manhã, quando a enxurrada de gente começava a sair do Anhembi. Em casa, ainda excitado, me perguntava se tinha tudo sido verdade. Era sorte demais... Mas foi!

25 outubro 2007

[is this it]


O que eu queria te dizer era que, realmente, se eu for pensar bem, não sobrou muita coisa. Acho que umas músicas que a gente aprendeu junto, aquele dedilhado que eu teimo em repetir, um frasco de perfume que eu guardei...


Mas por que o sentimento deveria ser o mesmo depois de tanto tempo? Seguimos em frente, eu, na mesma idéia de conseguir abarcar o mundo sem me apegar a ele e você com seus sonhos de abarcar o mundo justamente para amá-lo. Não me agrada gostar de ninguém, você sabe.


Eu aprendi a achar esse lance de amor um entrave na vida das pessoas. Ter um filho, pra que? Não poder nunca mais dormir tranqüilo sem saber que ele respira ou mesmo entregar um carro só para satisfazer a adolescência dele mas morrendo de medo de uma morte em um sinal?


E onde fica meu sono nisso tudo? Onde eu encaixo o meu egoísmo, esse sim parte importante do que me faz ser mais forte do que a frustração de amar? Porque doer, já doeu um bocado. Principalmente porque o centro de controle do que sente é diferente daquele que diz.


Sim, eu quero falar que sou egoísta, que, realmente, meu amor é algo descartável, pra que eu possa manter-me longe da dependência que ele cria. Mas eu e você sabemos que ainda terei um filho e vou chorar em cada chute que ele der na sua barriga, porque esse filho nós decidimos ter juntos.


Mas eu digo sim que preferiria o egoísmo de um sono tranqüilo às experiências paternais. Porque eu tenho mesmo medo de amar e isso não é paradoxal. Eu fui criado para amar demais, eu fui criado sendo amado demais. Eu criei vínculos amorosos que sempre ultrapassaram os discursos alheios.


Eu tive mãe de filme infantil, que leva doce na cama e acorda o filho com um beijo na testa. Eu tive um pai que não tava cansado quando chegava do trabalho e punha meu presente de Natal embaixo da cama. Eu tenho pais que se amam e se beijam e se completam, mesmo depois de tanto tempo juntos. Me criaram para acreditar que amor é isso.


Daí, sofrer por conta de algo que sempre me foi passado como perfeito é pedir muita racionalidade. Meu abandono é minha forma de dizer que a sua realidade me incomoda e, se eu não puder ter aquela que fui colocado para acreditar que exista, serei único na minha procura sim.


Por isso, eu vou tentar esquecer que você disse que eu trato as pessoas como cartas. Porque, como eu, você está sendo egoísta, pensando que só a sua forma de amar é a certa. Ficamos quites. Porque eu também acho que a minha é que a vai me fazer feliz. E, nesse momento, minha felicidade é dormir.

22 outubro 2007

21 outubro 2007

[gimme 3 wishes]


De vem em quando você ama tanto alguém que esquece o quanto o seu amor não pode afastá-la do sofrimento...

Logo eu fui esquecer-me disso... Quanta ironia...

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Sim, eu queria ser um gênio da lâmpada...

[don't you have anything better to do?]


tarefa repassada, à pedidos velados, por karla nazareth

the rules:

a) pegar um livro próximo (próximo, não procure).
b) abrir na página cento e sessenta e um.
c) procurar a quinta frase completa.
d) postar essa frase em seu blog.

observação a) não escolher a melhor frase nem o melhor livro.
observação b) repassar para outros cinco blogs (facultativo nessa jurisdição).

Livro: O Pasquim - Antologia - Vol. 1

"Eu tenho um revólver mas é de mentira"

[O fillho de Robin Hood - Vinícius de Moraes]


Repassada:

1. Clarinha Paz
2. Luciana Dantas
3. Pedro Jansen
4. Sanmya Meneses
5. Ana Clara Lages

20 outubro 2007

[raiva de olhos azuis]


Eu odeio que, em lances de amor, me peçam racionalidade enquanto eu me encontro em um poço de ódio. É lindo sair por aí pagando de superior, escondendo a sua raiva como se nada te afetasse, como se dignidade fosse sinônimo de indiferença. Mas não é.

Esconder o que se está sentindo apenas para aparentar que tudo está bem é uma faca de dois gumes, porque o controle da raiva é tão facinho de ser quebrado que chega a me fazer rir as histórias que eu conheço de “tudo está bem, mesmo com a merda”.

Mas, óbvio, sentir-se na merda obriga a nada estar bem e, disso, surgem atitudes tão infantis daqueles que se amam (ram) e até mesmo expectativas bobas das atitudes “racionais” advindas do fim que me causam espanto.

É gente que escreve textos sem nomes, mas citando características que fazem todo o sentido necessário, como se estivesse todo feliz em encontrar possibilidades de novo amor, mas só querem afetar o antigo.

São aqueles que não resistem à uma boa fuçada em todos os meios internéticos para descobrir o que o outro está fazendo, mas jamais admitiriam isso. É quem espera que o amor seja algo tão sublime, que faça com que as ações que surgem do fim dele se amparem em tudo que representou, garantindo sorrisos mesmo quando a vontade é o choro.

Parece até que eu estou fazendo o mesmo, citando exemplos como se fossem invenções minhas, mas é porque não sou a palmatória do mundo e acho que essa racionalidade que todos desejam aparentar é tão falsa que as atitudes se tornam visivelmente sem sentido para quem as faz.

Por isso que nunca deu certo tentar ficar amigo de minhas ex-namoradas. Por mais que pareça existir essa amizade, por mais que exista carinho, desejo de felicidade mútua e mesmo uma saudade boa, a intimidade de um relacionamento é uma arma eterna para quem não está mais junto.

Seja sua performance sexual, suas nóias, seus amores além dela, tudo em quanto fica guardado e pode ser usado em uma conversa bobinha, de “amigos”, como se nada daquilo representasse mais. O problema é que mágoa fica e sou daqueles que crêem demais que, mesmo sem raiva, certas lembranças só se tornam lembranças porque são insuperáveis e representam o amor que não deu certo.

Amor que acaba é algo que não se esquece. Não importa o quanto amor você tenha daqui pra frente, mas, se já amou outra vez, acreditou que era a última. Sendo assim, acreditou também que se não deu é porque alguém fez errado e quase ninguém, para soar democrático, pensa que a culpa foi sua.

O que eu quero mesmo é não falar, não manter contato, não ouvir sequer o nome ou encontrar em um bar sujo sozinho para tomar cerveja. Quero é distância, tempo para que eu pense no que fiz ou no que fizeram comigo, mesmo sabendo que nada disso vai fazer a raiva ir embora rápido.

É questão de maturidade, que não quer dizer entendimento completo e cristão. “Eu não te amo mais”, “Você me faz sofrer pra caralho”, “Eu preciso de um tempo pra mim”, “Eu acho que gosto de outra pessoa”, “Eu te traí”, “Você me traiu”, “Nós traímos”, não importa quais foram os motivos que te levaram ao fim.

Só não me peça pra ser legal com você depois disso...


12 outubro 2007

[agora e toda hora]

I have no idea what I am talking about

I'm trapped in this body and can't get out

04 outubro 2007

[version]


Na primeira olhada, eu só percebi que aquele videozinho que o site havia colocado em destaque tinha a Amy Winehouse tocando. Confesso que só por isso procurei assisti-lo, mas bastou a primeira batida pra que percebesse que ali tinha bem mais do que minha junkie preferida.


O que tinha era Mark Ronson, um daqueles seres que nasce com a bunda virada pra lua, juntando tudo de bom na vida dentro de uma pessoa só. O cara nasceu na Inglaterra, numa família rica, toda enrolada com música, ao ponto dele conviver com pessoas do naipe de David Bowie e Paul McCartney rodando dentro da casa dele.


Daí, com essas influências (boa música + dinheiro), ele resolveu virar produtor, fazendo um bando de trabalho com gente fodao, fodinha e nem tanto. Mas o lance é que o disgra conseguiu mostrar que entende do que tá fazendo, ainda mais agora com o lançamento do cd Version.


O nome já diz tudo. Version traz releituras do produtor pra músicas das mais diversas, misturando pop, rock, antigo, novo, tudo numa cadência musical mantida por uma baterias fortes e instrumentos de sopro, junto até mesmo de violinos.


As cinco primeiras músicas já são petardos que justificam o hype em cima do homi. Abrindo com uma versão de "God put a smile upon your face", Mark transforma todo o somzinho reflexivo do Coldplay em uma espécie de big band, com uma velocidade que deixaria o Chris Martin cansado, mas que já dá o clima do que vai vir adiante.


Depois, a pimentinha Lily Allen surge malemolente, cantando "Oh My God", originalmente dos rockeirinhos do Kaiser Chiefs. Mark dá mais fôlego para a música, que, por incrível que pareça, me soou altamente estranha como rock quando a ouvi na voz dos seus donos. Ele ainda fez a dona Lily ficar mais contida, mas em um direcionamento que a fez mais sexy, até na forma com que geme em meio aos trombones (=]~).


A terceira traz o primeiro momento de coragem de Mark Ronson. Com uma pegada que me remete ao eletrônico, ele pôs um tal de Daniel Merriweather de para se aventurar em sua versão de "Stop me if you think you've heard this one before", do The Smiths. Mas, abençoada pelo Morrisey e, realmente, ganhando uma aura classuda, ao mesmo tempo, perfeita de dançar, ele consegue ir além dos fãs mais hard-core e fazer uma versão afiadíssima.


Na próxima, ele subverte completamente um "clássico" de Britney Spears. O black chega dando à "Toxic" o título de melhor versão do cd, sem nenhuma dúvida. A música que, descobri depois, é adorada por vários amigos entendidos dos sons, consegue ficar ainda mais sensual, com sua pegada nigger e a batida lenta. Literalmente, outra música.


A quinta é foda por ter a Amy, já que eu nunca tinha ouvido falar do The Zutons, cantores originais de "Valerie". Apesar da música ótima, o mais engraçado foi que, quando foi gravar o clip, Amy estava na rehab, o que obrigou Mark a chamar várias sósias da cantora e colocá-las no palco. Foda demais!


Depois delas, alguns percalços, como "Pretty Green", cantada pela banda Santo Gold, com uma vozinha meio bad-Cindy Lauper e "The only one I know", com aquele tristinho do Robbie Williams, temos o balanço do Radiohead. "Ãh, Radiohead balançando? O que?".


Pois é, fio. O DJ se aventurou pelos sons do seu Tom Yorke, deixou de lado as possíveis gritarias dos indies e deu uma grooveada em "Just". Com disse a dona Maria, a música já era das mais “animadinhas” do Radiohead, mas, nas mãos de Mark, ficou ideal para qualquer pista.


Três das músicas ainda são de "autoria" do DJ: "Inversion", "Diversion" e Outversion", sendo a segunda prelúdio para a versão de Ronson para mais uma das boas, "L.S.F.", versão cantada pelos donos da música, da banda inglesa Kasabian. Ele ainda tem um podcast semanal, chamado "Autentic Shit", que sai na East Village Radio, no qual ele mostra o que formou seu gosto. No fim, fico só pensando em muita gente dançando ao som do inglesinho. E no quanto ele ainda pode fazer de legal.

02 outubro 2007

[guardado]


Ei... eu fiz mais chocolate pra você...