27 dezembro 2007

[para 2008]


- menos amor

- mais dinheiro

- menos trabalho

- mais viagens

- menos bebida

- mais exercícios

- menos cobrança

- mais entendimento

- menos drama

- mais comédia

- menos asfalto

- mais areia

- menos pão

- mais sushi

- menos computador

- mais livros

- menos rafael

- mais rafael


22 dezembro 2007

[do ano que se acaba - 3]

ah, sabe do que mais?
lembrança de cu é rola!
vá se fuder, 2007!
e já vai bem tarde!

18 dezembro 2007

[do ano que se acaba - 2]


Eu viajei muito esse ano, principalmente para os meus padrões. Logo no comecinho do ano, em março, ganhei de presente uma viagem para São Paulo. Afinal, mesmo que fosse à trabalho, nada me convence que viajar com tudo de graça pode ser trabalhoso de alguma forma.


Viagem rápida, de apenas um dia, mas suficiente para eu perceber o pandemônio organizado em que a cidade se assenta. Gente, muita gente, de todos os tipos e eu, errante pela Avenida Paulista, olhando para tudo como um bobo enamorado. Adorei São Paulo, mesmo decidindo que sua frieza é algo assustador.


Depois, outro rito de passagem. Na Semana Santa segui rumo à Fortaleza (após um acidente de carro que me privou forevá de dirigir tranquilamente na chuva), para meu último encontro de estudantes. De novo, lá estava eu, no meio de um bando de gente jovem, bonita, legal (ui), discutindo (ou não) essa tal comunicação que a gente tanto quer mudar.


Meu último Erecom me levou a perceber que, não adianta, a vida universitária é uma época curta demais. Tem gente demais parecida com você no mundo, na ótica do curso que a gente escolhe servindo como filtro e é nos encontros que isso aparece de forma mais real.


Só num Erecom da vida você pode retornar para o alojamento dentro do carro que levou a comida, conversando com uma moça super interessante do Rio Grande do Norte, enquanto come sua quentinha com a mão e segura a porta do carro, que é presa com uma corda. Só em um encontro você fica em frente ao palco dançando coreografias sem sentido, simplesmente porque é bom.


Só num encontro de estudantes de comunicação você passeia na rua de saia e não vê problema algum nos olhares diversos das pessoas que acompanham esse seu fetiche político. E só um encontro é capaz de fazer com que percebamos o quanto nosso curso é feito de pessoas e não de conteúdos, sendo elas, antes de tudo, a razão que deve te fazer seguir em frente (já disse que o texto pede um tom solene).


Fortaleza fechou bem essa minha vida de metido a estudante engajado. Apesar de ter me aventurado pelo movimento estudantil, percebi que tenho mais jeito para a ação e o plano das idéias ainda é o que predomina. Se esse não foi o motivo principal do meu abandono da organização do próximo encontro, certeza foi um bem forte.


Depois, mais pro fim do ano, voltei à Fortaleza, dessa vez em uma viagem em família, algo que não acontecia há muito tempo. Sempre tinha um problema que impedia de todos possuírem tempo, mas dessa vez tudo deu certinho. E, em uma viagem em que eu fiz praticamente nada, me diverti como há muito eu não conseguia.


O dia inteiro na praia, piscina ao chegar, comida de muito, rede e uma brisa que não cessava um instante. Três dias de sossego intenso, na companhia de Eduardo e cia. Acho que era preparação. O mesmo mês de outubro me levou de volta a Sampa, só que dessa vez nada de trabalho. Num golpe da sorte que ainda hoje eu fico sem acreditar, eu fui para o Tim Festival. Bom, dele eu já falei e muito, em um texto anterior. Deixo para continuar mais tarde... ainda tem muita coisa desse anozinho tinhoso.


15 dezembro 2007

[do ano que se acaba]


Eu encarei isso como verdade pra tentar um meio mais simples de, racionalmente, justificar os fatos que aconteceram. Dizem que o sete é o número da perfeição. Sete dias da semana, sete pecados capitais, sete horcruxes, sete virtudes, sete sacramentos. Apesar de aludir ao que seria perfeito, essa é uma característica enfadonha demais para ser colocado em alguém.


Então, sete passa a ser representativo de mudanças, pelo menos pra mim. Na busca incessante (e, ainda bem que assim o é) de se conseguir encontrar o que se faz perfeito, 2007 traz a mudança como algo necessário para que consigamos nos aproximar do que queremos ser. Você fica diferente e, como toda experiência em que o tempo te caleja, ela te faz sim melhor.


Lembro de 1997. Em dezembro do ano anterior, Luis Eduardo havia nascido. Praticamente em 1997. Não houve mudança maior na vida desde então. Em 1987, Camila, minha irmã nasceu e, apesar de eu não ter lembranças disso, foi uma mudança que também me afetou pra sempre. Estou sendo bem solene, mas é porque acho que o texto pede.


Tenho medo da repercussão que 2007 trará. Eu amei demais nesse ano, principalmente de forma velada. Daquelas de olhar e não ter, de ter de se contentar com a imaginação, de devaneios sem sentido porque eram mesmo. Chorei bem menos do que eu queria, menos até que nos anos anteriores, mas a dor enclausurada nunca esteve tão grande.


Meu pai fez palestras no sudeste e, mesmo que ela não tenha sido no mainstream Rio/São Paulo, foi um vislumbre que ele ainda vai bem mais longe. Minha mãe tomou com mais vontade as rédeas da sua vida, mesmo que ainda ela se sinta muito dependente da nossa felicidade pra basear a dela. Minha irmã entrou na faculdade e vai, de pouco a pouco, se encontrando no curso que escolheu. Eduardo cresceu, mais rápido do que todos os anos anteriores. Cada vez mais chega perto o dia em que beijá-lo durante horas seguidas não vai ser mais possível.


Trabalhei, desde janeiro, num jornal. Vi tudo que eu sempre esperava ver em relações de trabalho. Amigos de verdade, inimigos idem, puxação de saco e de tapete em várias intensidades. Saquei o quanto as pessoas têm necessidade de aparecer, mas falam merda e ainda ficam bem na fita porque o que conta é ter atitude e não inteligência. Vi que fazer jornalismo é bem mais legal do que parece, mas que só dá pra fazer se gostar. Caso contrário, bitole-se em concursos públicos e tenha vidinha de rico sem perspectiva de prazer no trabalho.


Tô me formando, o que, de cara, já seria a mudança significativa do ano. Principalmente porque ela não implica só que eu agora serei diplomado, isso é muito pouco. Não sinto mais a UFPI como minha casa já tem um bom tempo. Aliás, andar pelos corredores me dá agora uma sensação de despertencimento. Parece que eu não deveria estar ali, sinto isso no olhar das pessoas. Como se houvesse uma voz dizendo "Você não é daqui".


Sensação terrível. De um lugar que eu praticamente morei, passando, às vezes, de oito da manhã às dez da noite, que eu trabalhei pra melhorar, corri, enchi o meu saco, dos outros, aprendi o que eu agora sei fazer... Local em que a maior parte de mim eu consegui aceitar e, agora, eu vou embora com a estranha noção de que é isso que ela quer. A universidade se move de alunos novos, entrando e saindo daqueles corredores e eu agora estou velho demais pra isso.


Quem sabe eu volte. Por mim, não teria nem mesmo uma foto em placa de formatura, acho isso uma nostalgia demente. Mas você acaba indo com a maré, pra não ter que ouvir que quer ser diferente, quando na verdade nem é. Só quero ser eu mesmo. Mas, se já foi uma luta convencer a minha própria mãe de que não queria festa de formatura, seria demais para ela não me ver numa fotinha de placa. Vai pra ela esse esforço.


Aliás, esse ano eu fiz muitos esforços. Primeiro, claro, o de amar de forma velada, esse tão extenuante que ainda me atrasa. Também tive um trabalho danado para entender o quanto minha mãe me ama mais enquanto eu fico velho. As ligações se tornaram mais freqüentes, a necessidade em me fazer perceber o quanto ela sofre com a distância também. É engraçado. Não to reclamando nem nada. Mas eu pensei que sete (!) anos morando fora a tivessem feito se acostumar.



[continua]

10 dezembro 2007

[por uma vida menos ordinária]

[de Vinícius de Moraes]


"Você que só ganha pra juntar
O que é que há, diz pra mim, o que é que há?
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar!
Por cima uma laje,
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irmão!

Falado - Pois é, amigo, como se dizia antigamente, o buraco é mais embaixo... E você com todo o seu baú, vai ficar por lá na mais total solidão, pensando à beça que não levou nada do que juntou: só seu terno de cerimônia. Que fossa, hein, meu chapa, que fossa...


Você que não pára pra pensar
Que o tempo é curto e não pára de passar
Você vai ver um dia, que remorso
Como é bom parar!
Ver um sol se pôr
Ou ver um sol raiar
E desligar, e desligar...

Falado - Mas você, que esperança... Bolsa, títulos, capital de giro, public relations (e tome gravata!), protocolos, comendas, caviar, champanhe (e tome gravata!), o amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito(e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra!

Você que só faz usufruir
E tem mulher pra usar ou pra exibir
Você vai ver um dia
Em que toca você foi bulir!
A mulher foi feita
Pro amor e pro perdão
Cai nessa não, cai nessa não

Falado- Você, por exemplo, está aí com a boneca do seu lado, linda e chiquérrima, crente que é o amo e senhor do material. É, amigo, mas ela anda longe, perdida num mundo lírico e confuso, cheio de canções, aventura e magia. E você nem sequer toca a sua alma. É, as mulheres são muito estranhas, muito estranhas...


Você que não gosta de gostar
Pra não sofrer, não sorrir e não chorar
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar!
Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irmão!"

05 dezembro 2007

[sing sing sing]


>> Gostei de Gorillaz da primeira vez que eu escutei e, desde então, é a minha banda preferida e não se fala mais nisso;

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>> Desde que li Alta Fidelidade me pego muito pensando no quanto o Rob está certo quando diz que os pais deveriam se preocupar com a música que os filhos escutam.

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>> Minha mãe cantava “O vira”, do Secos e Molhados para que eu dormisse, quando eu era criança.

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>> Minhas paixões musicais são quase idênticas as minhas paixões da vida real. Furtivas, intensas e passageiras.

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>> Acho “50 receitas”, do Leoni, uma das músicas mais “leve-me daqui para a fossa” ever!

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>> Sei cantar de cor e salteado “Cada volta é um recomeço”, do Zezé di Camargo e Luciano. E adoro!

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>> “La valse d’Amelie” será a música da minha missa de corpo presente.

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>> Na sétima série, meio que roubei o cd do Oasis duma amiga só para decorar a letra de “Wonderwall”. Meio que é uma forma mais sensata de dizer “não quis devolver”.

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>> “A festa do Santo Reis”, na voz do Tim Maia, foi uma das músicas que mais escutei quando era criança. Punha o cd lá em casa e adorava, mas nunca ninguém veio me dizer o que era aquilo. Só me deixavam escutar.

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>> Sei as principais coreografias do Gera Samba/ É o tchan! (e me envergonho disso).

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>> Abusei Los Hermanos. Pronto, falei!

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>> Adoro música gospel americana e acho Mudança de Hábito 2 maravilhoso só por conta disso.

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>> Lembro da Clarissa me dizendo que sempre ouve Radiohead quando está mal. E, mais uma vez, me chegam as palavras do senhor Fleming.

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>> MP3 player é uma invenção divina.

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>> “Mas o teu amor me cura de uma loucura qualquer” é um verso que define grande parte da minha vida.

03 dezembro 2007

[mais pedaços]


Tem certas pessoas que a gente afasta mesmo. Se tem algo que eu odeio e já expus trocentas vezes essa opinião é aquela história de ficarem usando frases de "O pequeno príncipe" para garantir que meu coração seja tocado pela culpa de não cuidar dos amores alheios do jeito que os outros acham certo. Eu não sou responsável pelo que eu cativo.

Não existe essa responsabilidade tão unilateral. Mas sempre sou eu a ouvir esse epitáfio nojento. Se eu não consigo manter as pessoas por perto ou mesmo se eu dou um jeito de me afastar de algumas, isso não me faz um monstro insensível. O que eu sou, então? Aí eu já não sei. O certo é que nem sempre eu quero estar perto das pessoas, mesmo que a minha carência me faça possuir carteirinha do clube e tudo.

Adoro ter gente na minha casa, chegar e ver alguém lá dentro. Não sei se está lá porque moro perto da UFPI, não sei se foi porque se sente bem ali. O certo é que me faz bem ter gente comigo e não preciso saber os motivos dela para isso. Mas, morar sozinho não me faz querer estar sempre na rua, me refestelando em festas e animações mil. É, adoro gente por perto, adoro a sensação de ter quem eu gosto comigo.

Porém, não ter uma família faz com que as pessoas te julguem sem vontade própria, simplesmente porque você não terá uma mãe te ligando na madrugada para dizer que é hora de voltar. Mas eu tenho de voltar, eu tenho de ficar, eu tenho família. E não é por conta disso que deixei de querer estar com outras pessoas, gostar delas, amá-las até.

Eu falo muito isso, claro, porque eu me sinto culpado. Meu distanciamento natural não tem nada de falta de amor. Aliás, toda aquela história de intensidade confirma que eu sinto o que eu digo. Amar para mim é fácil, o difícil é continuar amando. Então, eu deixo. Não gosto de autoflagelação, aí eu entrego para quem pensa demais. Não é egoísmo, é auto-preservação.

Não concebo amor com sofrimento. São sentimentos muito díspares, que não tem necessidade de estarem juntos. Então, seja em relações carnais ou de amizade, tudo tem um fim, acaba, it's over, baby! E ficar naquele remanso de ressuscitação só faz como que percebamos cada vez mais o que o outro não tem mais nada a oferecer a nós mesmos e nos seguremos no que, no início, fez com que ficássemos amigos (amor sem sexo = amizade, mas continua sendo amor).

Amigos para sempre? Pode ser... não deixo jamais de ter um sentimentozinho aceso que permita que eu acredite nisso. Mas ainda opto pela praticidade. Mesmo que ela venha envolta de uma culpa suprema e uma dor galopante... que passa. E eu perdi o eixo desse falatório todo, misturei tudo e, de novo, não sei por quê estou tocando nesse assunto... Mas ele volta...