08 fevereiro 2008

[regras]


A dúvida do dia é: devo mudar de amigos? Uma análise superficial das minhas relações fraternais indica que, em sua maioria, com visíveis exceções, meus amigos não parecem comigo. Mesmo que sejam compartilhados gostos musicais, literários e cinematográficos, estes esbarram no meu próprio jeito de ser, que dificilmente se encaixa no que todos eles acreditam.

Olhando ainda de forma superficial, parece que eles se entendem entre si, conseguem enxergar neles essa capacidade de perceberem o mundo ao redor com bem mais facilidade do que eu. Aliás, a afirmação está errada: acho que o lance é mais de ter medo do mundo do que entendê-lo. Não que eu seja o corajosão da história, lutando para reconstruir a moral e os bons costumes; nunca teria disposição para isso.

Eu apenas faço o que eu acho que seria bom pra mim. Não faço o certo, sendo esse certo o que o senso comum espera de um rapaz recém-formado e com uma família estruturada. Tento agir de forma a não machucar ninguém, não por altruísmo, mas é porque não sei lidar com o ódio direcionado a mim. Só que parece que ao agir da maneira que eu quero, acabo, ó ironia sem fim, atraindo o ódio alheio.

Eu também sei que tenho uma porrada de defeitos, novamente sob a ótica do meu amigo senso comum. Não sou de manter relações, não dou atenção a quem não me dá, só para ser cobrado como se eu tivesse essa necessidade. Falo puta, viado e buceta o tempo inteiro e o atentado ao pudor sempre foi meu crime predileto. Sou obeso, o que para mim é um saco, e completamente instintivo, de forma a pensar que sempre é melhor fazer e depois analisar o que deu. Me preocupo demais com quem não merece e sempre quero ser amado, isso é fato.

Mas daí a começar a ser taxado só porque eu faço o que você não acha certo, aí já é ir além do que eu aceito. Se você não gosta, me diga, simples. Em uma conversa civilizada, educada e concisa, a gente pode chegar a um consenso do que eu possa melhorar a partir da sua visão de mundo. Porém, sempre é bom ter em mente que o que te faz não é minha matéria prima: somos produtos de um mesmo ato, entretanto o molde do meu caráter é, na falta de palavra melhor, único.

Espero sempre que os meus amigos tenham o que me dizer, até porque eu sou um solitário dependente e preciso, de vez em quando, de alguém me balançando pra me mostrar o mundo além dos meus postais, sob pena de ficar sem caminho. Só que tem de vir com carinho, cuidado, tranqüilidade e não colocando bandeiras de bom comportamento, como se eu tivesse roubado, espancada ou estuprado alguém.

Acho que não é preciso mudar de amigos. Acho que eu não preciso mudar o meu jeito. O que realmente deve ser feito é uma filtragem do que me dizem, ao invés de tentar fazer da minha vida um modelo de garantia que ninguém terá raiva de mim. Vão ter, vários têm. Com razões ou sem elas, unanimidades também são burras e é bom que eu comece a perceber que eu posso habitar o mesmo mundo de quem quer todos seguindo a cartilha da TFP.

4 comentários:

Anônimo disse...

Mudança é uma coisa tão complicada. Qualquer mudança quando ela vem, de forma leve ou brusca, causa conseqüências não muito boas. Mudar é uma atitude complicada, Rafa, de verdade. Mudar a si, que eu me refiro, porque mudar os outros...hahahaha...mera ilusão. Ninguém muda ninguém, n.i.n.g.u.é.m. Existe uma coisinha dentro de nós chamada personalidade, é mutável, obviamente, mas somos nós que coordenamos essa mudança. E somente nós a mudamos, quando quisermos, quando acharmos que é necessário e preciso. E se você acha que não é preciso, não mude, ora bolas. Você é adulto, vacinado, inteligente e sabe o que faz!
Sabe, Rafa, não julgo teus pensamentos, sinceramente não. Não duvido que você tenha motivos pra achar que mudar de amigos seja melhor porque eles não entendem nem aceitam você do jeito que você é. Se estivesse em situação semelhante talvez pensasse da mesma forma- talvez! Mas não esqueça de lembrar que, às vezes as pessoas encontram as piores maneiras de nos mostrar que nos amam e se preocupam conosco. Das formas mais chatas, grosseiras e importunas possíveis, formas que talvez nós não usaríamos se estivéssemos no lugar deles. E, olha só... sabe porquê? Porque somos diferentes uns dos outros... não foi isso que você falou? Foi! E então entra uma coisa chata que ninguém pára pra pensar na hora de se chatear com o mundo: E se eu tivesse no lugar dela (e)...
Então, Rafa, acho que descobri a chave mestra do mundo. Respeito! João respeita José e seu modo de agir, pensar, ser e estar. José respeita João e seu modo de ser e de se preocupar, querendo José ou não. [suposição, hein?] E aí, tudo melhora, certo? Não! Isso nunca acontece, porque sempre esquecemos que as pessoas são diferentes e, às vezes, ultrapassamos limites para dizer a ela: “Ei, presta atenção, eu acho que esse caminho vai te prejudicar. Ei,não faz isso, que talvez você possa se arrepender um dia. Ei, você deveria fazer assado que seria melhor!”.
O mundo não pode impedir você de ser. Isso é obvio. Mas você não pode impedir o mundo de sentir por você!! Mesmo você achando tudo “um saco!”[forma de expressão!]

Não vesti a carapuça [sei que não é minha], mas gosto de dar minha contribuição para o mundo. E, principalmente, gosto de você!
Flor!

Anônimo disse...

Amigo, se alguém te disse algo, te criticou, na tua cara, é porque quer o teu bem, não?

Você não precisa concordar com nada, só ouvir e pensar.

E eu te amo

e o post não é pra mim, eu sei.

luana disse...

vixe, será q é pra mim o post? huahuahuahuhauhau bjogato

maria clara disse...

combinou muito ler esse texto ouvindo metal heart, da cat power.