25 janeiro 2008

[guess what? i'm pregnant]

[o blooger engoliu o último parágrafo =/ - copia e cola no editor de textos que dá pra vê-lo]

Há uma cena em Juno (EUA, 2007) que consegue captar bem a sensação que possa existir quando se tem 16 anos e está grávida: ao contar aos seus pais da situação e ser indagada sobre o fato de que ela parecia o tipo de menina que saberia o momento ideal para o sexo, a adolescente diz, sem nenhum ar melancólico: “Eu não sei muito bem que tipo de garota eu sou".


Mas o certo é que, mesmo sem saber disso, Juno McGuff é mais do que outra adolescente grávida. E é na força da interpretação de Ellen Page que há o convencimento de que, por baixo de um enredo comum, se encontra a história de uma menina que tentou, simplesmente, continuar sendo o que era, longe de responsabilidades que ela tinha consciência, mesmo com a pouca idade, de que não seria capaz de lidar.


Interpretação aqui é falta de palavra melhor. A atriz de 20 anos consegue encarnar tão bem o enfado e empáfia de uma garota de 16 anos que, caso eu não a conhecesse de outros (bons) trabalhos, acharia que ela realmente foi colocada fazendo o papel de si mesma. Na trama, como dito, ela se descobre grávida de Paulie Bleeker, seu melhor amigo e papel de Michael Cera, que está começando a se especializar em nerds engraçados, mesmo que aqui ele seja esportista.


Ela decide que não deve abortar e depois da dica de uma amiga sobre casais que procuram a adoção de crianças por não poderem ter as próprias e colocam anúncios em cadernos de descontos, ela conhece Vanessa e Mark Loring (Jennifer Garner e Jason Bateman). Limpinhos, ricos, aparência de felizes que se espalham por fotos pela casa, eles parecem ser os pais perfeitos. A sensação que Vanessa causa, com sua cara afoita, desejando o filho de Juno, dizendo que nasceu para ser mãe, é de dar arrepios, mesmo que eu tenho ficado em dúvidas sobre a atuação da Jennifer (forçada, agoniante, verdadeira?).


Juno é uma história comum, se formos pensar sob a ótica da gravidez na adolescência. Entretanto, a forma com que ela lida com a situação, deixando claro, desde o momento em que descobre o fato que ela não quer ter aquele filho cria um paradoxo relacionado com a pouca idade da garota: ela, ao mesmo tempo em que não soube ter cuidados no momento em que transou, é quem possui a maturidade de saber que não tem condições de criar a criança.


O roteiro, assinado pela novata Diablo Cody, é outro que consegue ir além do que pode ser esperado. Se a interpretação de Ellen pode ser espetacular, as tiradas irônicas que ela diz são grande parte dessa possibilidade de atuar tão bem. Jason Reitman, o diretor, tece outra pérola. Depois do ótimo “Obrigado por fumar”, de 2005, ele faz mais um filme que se segura no carisma de seu personagem principal e, com um detalhe imprescindível, escolhendo uma trilha sonora belíssima, que se integra como parte essencial do filme.


O que torna Juno diferente é a capacidade de ser bem mais do que um filme em que uma menina tem que encarar responsabilidades que não deveriam ser suas. Ele não quer fazer adolescentes criarem consciência sexual (benza deus), nem levantar bandeiras do tipo “não aborte, dê seu filho”. Só quer mostrar uma garota que queria continuar vivendo da forma que ela achava certo, mesmo que ela nem mesmo soubesse o que era esse certo que formava seu modelo de garota.

9 comentários:

Heber disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Heber disse...

Depois dizem que resenhas nunca podem ser positivas. Pelo lido, o filme parece se dar bem em tudo, da atriz á trilha. 'Obrigado por fumar' é ótimo mesmo. Mas JUNO, a princípio, parece uma coisa bem 'Páginas da Vida'. Se puder dar meu aval antes do carnaval, passo aqui pra te contar.
E o carna vai ser em picos mesmo?

J. disse...

doido, como assim o filme é isso?! =O

brochei. vou ver mermo só por que tu amou...

maria clara disse...

e a trilha já bomba meu last.fm...
;)

Lucy, disse...

assim doido, perfeito, talvez minha tpm tenha ajudado...depois escrevo também, tenho que pensar direito!Ainda eu estou meio fascinada pelo roteiro, aquelas cores de Charles Schulz, a cara de bobo do Micheal cera, e deusa-ácida a la chandler Ellen page!

Lucy, disse...

Ps:eu realmente admiro tua capacidade de fazer sinopses, eu nunca aprendi =x, acho as tuas plenas :0

;*****

Mia disse...

Mais um ótimo filme para trabalhar gravidez na adolescência com adolescentes na Atenção Básica de Saúde. Com licença da palavra e no caso de faltar com a ética, eles são MESMO enfadonhos, inconseqüentes e pretensiosos. Precisa-se de um juízo acompanhado de paciência novos pra Mia.
[/me cansada demais]

Adorei a resenha. Dica anotada.

=*

Anônimo disse...

quero assistir demais esse filme!!

p.s.: como foi o carnaval/trabalho??


=***

Sobre sorrisos e cafés... disse...

caro miguxo. me arranja doido. quero demás!